quarta-feira, 7 de maio de 2008

É bem sabido que tudo de bom tem um lado ruim. Estão aí conhecimentos empíricos, teorias, frases feitas e ditos populares que não me deixam mentir. Melhor, que embasam perfeitamente a minha linha de raciocínio: yin/yang; lei do eterno retorno; vai ter volta, heim? ; a cada ação corresponde uma reação, igual... tralalá lá lá; tudo que sobe, desce (com suas variáveis físicas e metabólicas); bumerangues.
Depois desta elucidativa introdução, gostaria de comunicar que a minha aporrinhação da semana (e dos últimos meses), é com essas joças desses celulares novos que tocam música.
Não que eu seja contra, muito pelo contrário: considero a música um calmante/excitante/bálsamo muito perfeito e útil para abstrair pessoas, principalmente em viagens longas ou chatas. {Vou me ater, nesta minha desagradável contenda, a este uso do celular em particular, pois é o lugar mais comum (e ofensivo) onde tenho contato com o tal.}
O advento da tecnologia trouxe-nos muitas vantagens, pequenas sofisticações e regalias diárias. Quando iríamos pensar, há 20, 25 anos atrás, quando as linhas telefônicas eram alugadas pois custavam além dos 3 mil cruzeiros, que usaríamos hoje um aparelhinho minúsculo que tira fotos, tem jogos, calcula, mostra a hora, apita na hora dos compromissos agendados, filma, pode servir como lanterninha em situações em que se faça necessária uma iluminação (mesmo que rala), toca música e ainda por cima é um telefone? Sem dúvida, é uma grande, enorme, esplêndida invenção.
Agora eu, do alto de minha ignorância, gostaria de saber porque é que um filho-da-puta qualquer tem a arrogância, a audácia, a indecência, de macular tão utilitária criação contaminando o ambiente exterior com funks asquerosos (porque, sim, não quero parecer preconceituosa mas, em 95% das vezes em que há uma música vindo de algum tocador particular sem o uso dos fones, essa música é um funk). O que leva um fulano qualquer a crer que eu quero (e queremos nós, todos os outros passageiros) seguir da Estudantes ao Tatuapé ouvindo “Creu...crréu!!”. Pelo Amor do deus, onde está o bom senso do mundo??
Mas tá, vá lá, as pessoas têm direito de ouvir o que quiserem e sei que nem todo mundo (sic) que gosta de funk foi apresentado ao Jamiroquai. Mas, convenhamos, pra que é que acham que foi inventado o fone de ouvido?? Pra lacrar o µ¿??
Não acho justo, não acho certo, não acho digno. É invasivo, é deseducado, é deselegante. É falta de respeito.
As pessoas, essas “tipas” de pessoas, desconhecem outra máxima do conhecimento comum que diz “o seu direito termina onde começa o meu”. Querem ouvir o créu, a melô da piranha, o diabo a quatro? Pois que ouçam, regalem-se, chafurdem na lama da aculturação. Agora não nos obriguem, eu rogo, a compartilhar de tal infâmia. Senão eu, nos meus piores dias, acharei que também tenho o direito de tirar meu fone de ouvido e ouvir, com a devida companhia de um ônibus inteiro, Morrissey dizer que “And if a double-decker bus / Crashes into us / To die by your side / Is such a heavenly way to die. 13 vezes.

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